sábado, 17 de outubro de 2009

parte 5...Preâmbulo primeiro....dos embalos de sábado à noite à pulp fiction...

Eu já até queria chegar ao Rio de Janeiro, mas acho que vou ainda fazer uns retrocessos e, tentar lembrar de alguns “causos” da minha bela infância e adolescência, por pedidos. E essa parte vai ser chamada de preâmbulos... antes dos embalos... Por causa da bendita TPM, que me deixa absolutamente irritável e insuportável, e o pior é que só piora, com o tempo, deve ser a temida e irremediável menor pausa, que não deve tardar a chegar, pois afinal de contas o tempo passa - minha filha - e não é só para mim, não! hahahahahah!!!!!! , acabei tendo de dar um tempo nas minhas reminiscências e de ter de escrever sobre isso ou aquilo ou aquilo outro. Mas agora vamos dar um rolé no passado e, saborear dos velhos tempos idos, aqueles que foram, mas que fizeram data, nas nossas lembranças e que ninguém, nem nenhum infortúnio, é capaz de apagar. Meus tempos de infância, nessa cidade pacata e tranqüila, onde ainda se podia brincar na rua, até altas horas. Brincávamos de queimado, de pegador, de basquete, dávamos voltas e mais voltas de bicicleta, no quarteirão e, descíamos ladeira abaixo, de mãos soltas e olhos fechados, sem responsabilidades, sem travas, sem amarras, com o único intuito de sermos felizes. Tudo era alegria, risos e gargalhadas gostosas, que ecoavam nas ruas silenciosas de outrora. Eu e minhas eternas amizades, como: Florise, Carla, Mariquinha, Ana Claúdia, Zé Matias, Serjola, Yolanda e tantos outros... Divertíamos-nos, cantando e dançando na chuva, que descia como um torrente de cachoeira, das velhas calhas dos sobrados coloniais e tinha também os banhos no tanque com Fulô, pois piscina, só no Casino Maranhense, quase todos os domingos depois da missa, que graças à Deus, eu não ia nunca - ficava na pracinha Benedito Leite, ou ia no Roxy (antigo cinema da cidade, hoje sobreviveu, mas só passa filme pornô e tem sempre uns tarados que frequentam), assistir as matinés - onde vi meu primeiro clássico 'Mary Poppins"; Catávamos carangueijinhos nos mangues, onde hoje se encontra o Anel Viário, estrada que recuou o mar, nos deixando mais longe dos barcos de velas, que ainda colorem o horizonte rosa púrpura, das tardes ensolaradas e bronzeadas, coroadas de pores do sol, sublimes, que só nessa ilha maravilhosa, porém abandonada, podemos contemplar. Nas rodas de ciranda, cirandávamos, a volta e meia, atirávamos o pau no gato e ele não morria nunca, íamos todos os dias na Espanha com a samba lêlé, comprar um chapéu de três pontas azul e branco e, ladrilhávamos as ruas de pedrinhas de brilhante, Usávamos vestidinhos curto e mostrávamos as perninhas grossas- quando se tinha é claro - Mas papai não gostava e daí? Éramos inocentes e ingênuos, como a gota d’água que cresceu e se desfez... Pulávamos elástico e can can e subíamos ao topo do céu, nos nossos delírios eufóricos e infantis. Corávamos de vergonha, no jogo da salada mixta, onde tínhamos de beijar ou ser abraçados, por um coleguinha querido, esboçando assim, as primeiras paixões, que chegavam junto com a puberdade e as descobertas do sexo oposto, que ainda não prevaleciam nas nossas emoções. Boca de forno, que nos mandavam fazer o que não queríamos, mas já sonhávamos. As brincadeiras de médico, de esconde-esconde e de pimentinha pimentão, malagueta, algodão ou avião, as bóias de câmera de pneu de caminhão, que levávamos para a praia, nas excursões de papai, na combe azul e branca, dirigida por Expedito, grandes expedicões no Araçagi, com direito à mergulhos no rio que passava por lá, no bar Peixoto. e depois já cansados de tanto mar e sol, deitavámos , nas bóias de câmera de ar e, nos endormíamos como num sofá, na frente da televisão, assistindo certamente Chacrinha, pois ainda não tinha o chato do Faustão, ou a podridão do è fantastico, um homem de elástico..." Éramos felizes e nem sabíamos o que era felicidade; Pois a felicidade é esse total espírito de leveza e bem estar, onde boiamos em águas plácidas, vivenciando momentos, que não procuramos, mas que vivemos simplesmente e onde não há, nenhuma explicação. Um pé de moleque (arroz amassado, pela mão de Firmina), um sorvete de chocolate – feito com Jeneve, bolacha Maria ou água e sal com goiabada. Um sorvete de ameixa do Hotel Central ou um daqueles de coco da rua mesmo, um cachorro quente com pepino, cebola e tomate, no mercado, ou simplesmente uma salsicha no pão, na Mouraria ou no quiosque do parque Bom Menino... Uma revistinha do tio Patinhas ou do cebolinha na mão, a lua lá em cima, saindo por detrás de um balão, na época de São João, que não era lua e nem nada, era somente, meu pai Nerval, fazendo uma canção, em plena escuridão estrelada, numa noite de apagão e, aí bate, mé irmão, uma saudade imensa lá no fundo do coração.