sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Parte 10 preâmbulo IV... dos embalos de sábado à noite à pulp fiction...
domingo, 25 de outubro de 2009
Parte 9 preâmbulo III...dos embalos de sábado à noite à pulp fiction....
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Parte 8 prelúdio ou interlúdio segundo ...dos embalos de sábado à noite à pulp fiction...
domingo, 18 de outubro de 2009
Parte 7...preâmbulo II...dos embalos de sábado à noite à pulp fiction...
Meu pai não queria mais ter filhas mulheres, eu já era a quinta que vinha; um menino tentou vir mais papai do céu, não quis, ou talvez quis que ele viesse mesmo era num corpo de mulher, daí o aborto natural e eu. Então eu cheguei, a mais nova das minhas irmãs tinha dez anos à mais do que eu e a mais velha vinte anos - não era filha da minha mãe, mas era e é, uma irmã-dindinha, muito querida. Ela Rosário, sempre me protegeu e me mimou, muito mais do que minha mãe que não tinha tempo para isso – pois vivia exclusivamente à disposição do seu amo, senhor e patrão, meu pai. Eu não tive educação, sempre fiz o que era permitido e o que não era, não tinha limites. A minha vovó Julieta, dita sinhá, já tava bem velhinha quando eu debarquei nesse mundo de meu Deus, que pena! E apesar de ter dado uma boa educação, para as minhas irmãs Rosa e Silvina, não tinha mais fôlego para me criar e então fui realmente mal criada. Ela era bem velhinha e magrinha, tinha aquela cara de anciã mesmo, não sei quantos anos tinha, mas para mim já devia ter mais de 100. Dela só me lembro do dia que recebia sua pensão; tirava um pouco para comprar fumo de mascar e interibioforme e metionina, que comprava e escondia, no pequeno armário dela e o resto ela distribuía para agente, era aquela festa!!! Era mais quem queria acompanhá-la no tal lugar na Magalhães de Almeida, onde ela recebia o seu cobiçado dinheiro. Depois foi murchando cada vez mais, até o dia que desapareceu, dentro de suas roupas e seu pano de cabeça, que escondia seus cabelos grisalhos e ralos. Estava na escola no Pituchinha, devia ter 7 ou 8 anos. Recordo-me de uma sala embaixo, pois em cima era o jardim de infância, devia estar no primeiro ou segundo ano do primário. Me chamaram para ir para casa, devia ser uma três da tarde e logo imaginei que minha vovó sinhá devia ter morrido e, assim foi-se embora, a única que poderia ter dado um jeito em mim, depois disso é que fiquei solta mesmo. Minha mãe passava o dia no “terreno” - lugar onde trabalhava com meu pai, era uma loja de matériais de construção e serraria, uma poeirada só. Eles só vinham para almoçar, descansavam um pouquinho e logo voltavam ao batente. E eu quando não estava na escola, estava aprontando, é óbvio. Mesmo na escola eu era um caso sério. Nessa mesma época teve a história da primeira comunhão, que eu não queria fazer não sei porque e nem queria deixar ninguém da minha turma fazer, acho que tinha implicado, com a pobre de Lucimar, professora de Religião. E como de alguma maneira, liderava e influenciava os meus coleguinhas de sala, acabou que ninguém queria mais assistir a tal da aula e nem fazer a tal da comunhão. Engraçado, que desde essa época já implicava com esses dogmas da religião católica, e das outras também, é claro; Não sou atéia, pelo contrário, mas já tive essa fase, bem mais tarde, quando comecei a me intelectualizar. Acredito, mas não temo a Deus. Deus é algo de maravilhoso que temos dentro de nós, é a nossa consciência, costumo dizer e, não um bicho de sete cabeças ou uma super nany , que algumas religiões tentam encalcar em nossas cabeças, dizendo que Deus é vingativo e temeroso, aquilo e aquilo outro... Que ele toma conta de nós e dita todas as nossas atitudes. Ele nos deu a inteligência e com ela o livre arbítrio e todos os nossos atos, são inteiramente da nossa total responsabilidade, assim como o destino. Somos nós que de acordo com nossas escolhas, nos destinamos à nosso temido, mas sempre merecido destino. Mamãe foi chamada na escola e teve de me obrigar a fazer a primeira comunhão, juntamente com o resto da turma, que estavam decididos a fazer, só se eu fizesse, senão nada feito. E assim fizemos a tal da comunhão, ainda bem que foi de farda, pois achava medonho aquele chambre branco. Com direito a confissão e, um monte de Pai Nosso e Ave Maria, como punição – essa rezas, quem me ensinou foi Dona Júlia – segunda esposa do meu avô Jonas - pai do meu pai - , numa rede lá na casa deles, estupefata, porque eu não sabia rezar! O que ia fazer se a minha mãe nunca tinha me ensinado? Aceitei e até hoje foi tudo que aprendi de reza decorada - Tudo o que me foi ensinado com amor e sem cobranças, eu aqueri. Mas o que acho bacana mesmo, é uma oração espontânea e sentida, vinda de dentro do coração. Imagina meus pecados da época, eram só besteiras, sem maldades, nem intenções, é por essas e outras, que nos transformamos em pecadores desnaturados, sem parâmetros para diferenciar o bem do mal, que muitas vezes nos metem em prova e, nós, imaturos - como quando crianças, quando fomos julgados e punidos, por tão pouco ou simplesmente nada, ficamos com mêdo e nos culpamos, muitas vezes, assim , desenvolvemos um monte de doenças, que são justamente essas culpas e recalques impregnados no nosso espírito. Nessa mesma época, na minha escola Pituchinha, tinha um micro - ônibus, ele era lindo branquinho com listas vermelhas e azuis - as mesmas cores da farda, com uma gravatinha comprida vermelha; acho que foi o primeiro Ônibus escolar da cidade, antes dele aparecer, ia à pé com Lindalva, minha babá, para a escola, que não ficava tão longe da minha casa, que era no centro da cidade também. Pedi logo para papai, que acatava com todos os meus pedidos , para também ir de ônibus - para raiva de Silvina, uma das minhas irmãs, que não suportava a minha má criação e vivia reclamando, dos meus caprichos, sempre atendidos, apesar das suas forças contrárias. - nunca ouvidas, para sua total infelicidade. Às vezes ela brigava de se agarrar comigo e nos atracávamos e como ela era 10 anos mais velha, sempre ganhava e aí eu chateada, pedia socorro, para a minha dindinha, que chegava com a sua moral com papai e resolvia tudo a meu favor é claro - enquanto a outra, só podia mesmo, era se morder de raiva. Papai não se metia nessas brigas domésticas e mamãe também não se envolvia muito - pois essa tété, era o meu apelido, não tinha jeito mesmo, só a vida ia dar um jeito nela, um dia, quem sabe? Isso, ela disse numa outra ocasião, depois vamos chegar lá. Eu era a que morava mais perto da escola, mas no trajeto do ônibus, eu era a ultima a chegar em casa, passava pelo Anil, onde meu amigo mugrelha morava - quem me lembrou e pediu para eu escrever sobre esse famoso ônibus. Sei que tinha uma meninas mais velhas do que eu e um moça magrinha do cabelo curto e preto enroladinho, a coitada, que disque, tomava conta da gente, eu é que não queria estar no lugar dela! Comecei a fumar aí com essas garotas, à comprar carteira de cigarro e coisa e tal; nesses trajetos imensos e diários, que iam do centro ao Olho d’agua, uns
parte 6 prelúdio ou interlúdio primeiro...(como quiserem ou...)...dos embalos de sábado à noite à pulp fiction...
E o meu filme continua fervilhando e rodando na minha tela interior, desfilando imagens de pessoas, de lugares, querendo retomar formas esquecidas, que já não são mais. Mas que podem certamente emergir de algum lugar das profundezas das minhas lembranças longínquas: Porém agora somente adormecidas e não mortas. Pois a morte, nada mais é que transmutação, transformação de energia, de emoção, de sentimento, de plano espiritual e, assim por diante. O que seria do amanhã se não fosse o hoje e o do hoje sem o ontem; Nada de nada, não devemos fugir do passado, nem do que foi bom e, muito menos do que foi ruim, temos de mergulhar no seio das nossas vivências, como uma volta ao útero e, tentar quem sabe nos procurando, lá naqueles momentos que passaram; Algumas vezes resolvidos, outros não, o que somos hoje; no que nos transformamos e o que ainda temos de buscar, para talvez nos resolvermos afinal; Somente assim, encarando o que fomos, talvez tenhamos alguma resposta para o que somos hoje e, talvez recuperando o que falhou ou o que não foi, resolveremos melhor o amanhã e assim sendo, quem sabe não seremos, o que queremos realmente ser, no futuro: Que nada mais é que o resultado das nossa atitudes, das nossa escolhas. E por isso é, que procuro insistentemente , garota sapeca, precoce, alegre e metida, que fui, para tentar entender essa mulher em quem me transformei.
sábado, 17 de outubro de 2009
parte 5...Preâmbulo primeiro....dos embalos de sábado à noite à pulp fiction...
domingo, 4 de outubro de 2009
parte 4... dos embalos de sábado à noite à pulp fiction...
Agora sim, estava na flor da idade, o mundo era meu!!! - não sabia o que me esperava pela frente hahahahaha!!! Fora os conflitos com os pais, preocupação com que roupa ia para a boate, de quanto é que ia ser a facada, que ia dar no pai pra comprar roupa nova - porque não repetia, nunca, nem pensar numa coisa dessas; se ia ter sol para ir se queimar na praia, de biquíni de chita de florzinha - que a empregada da casa de Heloisa, a minha melhor amiga, fazia um monte pra agente e, ficávamos trocando - assim não se repetia e, as pessoas achavam que agente tinha vários; ía sempre nas férias à praia com Heloisa e Kátia, - dessa aí morria de ciúmes, Helô conheceu essa colega nova numa viagem que fez para o Rio – quanto à mim, eu nunca viajava, só ficava olhando os meus amigos e, a minha irmã mais velha, "a minha dindinha", Doutora Rosário, que já era médica de pele - já curou até um homem que já tinha perdido a orelha, ele tinha lepra e não sabia, foi ela quem descobriu - dizia com orgulho, o meu pai e, repetia sempre – todo mundo aqui ia estudar ou passear no Rio e, papai não deixava eu viajar, morria de vontade de ir para o Rio de Janeiro eu também, passar as férias e, o maximo que conseguia do meu pai, era ir ver os aviões no aeroporto, ou seja ficava à ver aviões; mas meu dia vai chegar, um dia eu vou! papai querendo ou não querendo , ah! se vou ... - vivia jurando e dizendo à mim mesmo. Heloisa "Rainha de gafieira " e eu "Rainha de discoteca", brincávamos entre nós; até então ela só tinha eu de melhor amiga, antes da tal viagem pro Rio. Ela tinha um namorado - dele, eu gostava e não tinha ciúmes era tipo como se ele fosse meu também, dá pra sacar? Ele morava no Caiçara - único prédio, que tinha aqui na ilha, pois São Luis, pra quem não sabe é uma das três capitais ilhas, pelo menos era assim, na minha época; Desde pequena, antes de conhecer o namorado da minha amiga, já achava ele, lindo, um verdadeiro pão!!! moreno dos olhos azuis, ele era encantador, um gato! via sempre ele, quando meu pai me levava pra trocar figurinha repetida, daqueles famosos álbuns que agente colecionava na época - que diga-se de passagem, uma vez que se completava, quando, se completava, não servia para nada; lá no prédio que ele morava, onde tinha uma banca de revistas; ele nunca me enxergou, só fomos nos conhecer mesmo, quando ele foi estudar, lá no "meu" colégio Batista, parece, que ele tinha sido comprado, para jogar basquete ; pois os colégios compravam, os atletas promissores e os que se sobressaíam, nos JEMS ( Jogos Estudantis Maranhense ) – Oh época boa! Eles me chamavam de filha e eu vivia segurando vela para os dois pombinhos apaixonados - lembro principalmente da mureta do John Kennedy Center, onde estudavámos Inglês e ficavámos namorando, ou melhor, eles namoravam e eu olhava- ficava feiz de verdade de poder assistir de tão perto o meu romance preferido, era como um filme, onde eu era a única espectadora, hahaha! Eu adorava esses dois, eles tinham uns três anos mais do que eu e, fiquei muito triste, quando esse romance acabou; ele numa das férias que ela tinha viajado, ficou com uma menina que acabou engravidando e, mesmo apaixonado pela minha amiga, acabou ficando com a outra e casando, bem novinho, que pena! Nunca esqueci uma coisa, que ele me disse na época - a carne é fraca! não entendi bulhufas, só sei que acabou o que era doce, e tudo por causa dessa tal carne, e ele perdeu o grande amor da vida dele. Acho que essa foi a minha primeira e grande decepção de amor, que vivi por tabela. Eu sempre fui muito platônica e preferia viver minhas histórias de amor na minha cabeça. Ficava ali sonhando acordada, idealizando como eles agiriam, o que diriam, como me beijariam? Sempre tinha um paquera para protagonizar o "meu filme", interpretando o papel de príncipe encantado. Não gostava muito de namorar, preferia como disse paquerar e sonhar...Mas de vez enquanto rolava alguma coisa, tipo um beijinho, mas era raro e sempre dava um jeito de fugir, preferindo ficar com os amores que não se concretizavam. Eu e minhas amigas, tínhamos códigos, para falar dos paqueras, para que ninguém descobrisse e no meu caso , para que eles mesmos, não soubessem do meu interesse por eles, e o quão eram importantes na minha história. E assim fui continuando à platonizar as minhas paixões encubadas. Porque era assim comigo, eu não sabia, só sabia que me achava diferente e esquisita das minhas amigas que já namoravam firme e eu, ficava ali à ver navio e avião, quase sempre de vela na mão. Mas continuava positivamente à pensar, um dia eu também......