domingo, 25 de outubro de 2009

Parte 9 preâmbulo III...dos embalos de sábado à noite à pulp fiction....

“...Caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais braços dados ou não, nas escolas, nas ruas...” E assim fui crescendo e tomando forma de gente, nessa ilha do amor - ilhada e desinformada. Éramos totalmente despreocupados e leves, caminhávamos contra o tempo sem lenço e sem documento. A situação do país não nos atingia, pois nunca tínhamos vivido antes do golpe militar, cultura só a popular, a tradicional, e, a que não tinha sido censurada ou proibida. E assim curtíamos adoidadados a nossa pequena cidade, que era bem agitada - pelo menos eu achava. Nada era sério, grave ou importante; só queríamos mesmo, era participar dos agitos, e ir aos points, onde nos encontrávamos. Fora alguns eventos anuais, o resto era uma rotina só e só se mudava os locais de encontro ou o nome deles, entendem? Os JEMS (JOGOS Estudantis Maranhenses), era o maior dos eventos que acontecia por aqui, todo os anos -pelo menos para mim; em primeiro lugar porque quase não se tinha aula e depois era legal ir para os diversos locais, onde aconteciam os jogos, principalmente para o ginásio Costa Rodrigues; seguindo as nossas escolas e os nossos atletas favoritos, éramos a torcida organizada; com musiquinhas pra lá de engraçadas, e umas frases malucas em inglês, que eu não sei onde China inventou, que dizia mais ou menos assim: "every bary, wanna now, dont now, dont now, every bary togueder, every baryyyyyyyy toguedeeeeeerrrr". Eu adorava, assistir os jogos, nunca consegui ser uma atleta de verdade e nem nunca me sobressaí em esporte nenhum e bem que tentei; comecei com Ginástica Olímpica, depois passei para o Vôlei, Handebol, Atletismo - nesse então, não deu para ficar nem uma semana - já que detestava correr, não sei porque diabos, resolvi me meter nisso, mas fazia parte: só no Basquete, por incrível que pareça, pois sou um toquinho - como meu amigo Rildo me chamava; mas só depois é que fui entender que não era pela minha estatura, mas pelos meus peitinhos, que demoravam à brotar, ficando só aquele saliente carocinho empurrando a blusinha; até que conseguia fazer umas cestas de longe, lá da cabeça do garrafão, a minha munheca, até acertava de vez enquanto. Fiquei toda orgulhosa quando Paulão me botou para participar da equipe juvenil de basquete do colégio Batista, tava no banco de reservas, mas tava ali, aplicadíssima marcando a lambrada. Aí de repente, ele me fez entrar para jogar, fiquei nervosa e fui com toda vontade, mal entrei na quadra e levei uma bela de uma cotovelada, de uma altona, parece que era uma tal de Rosemary, ou uma irmã dela; dei-lhe uma porrada no quadril- que era o lugar mais alto que eu conseguia tocar nela, para me vingar e acho que fui expulsa, ou me tiraram da quadra. O time juvenil, era das mais velhas e nós além de pequenas e mais novas que as do outro time o infanto; éramos da escolinha: Eu, Gal, Orlane, Gisele, Jackeline, Paula, Lilia R, Adalgisa e etc... e então ele nos botou, pra jogar; só para cobrir um buraco e nos dar experiência. A verdade, verdadeira é porque ele não tinha ninguém para botar lá; pois o time bom dele era o infanto-juvenil, mas que não tinha vaga para agente, pois estávamos ainda começando, algumas dessas citadas acima, chegaram a se destacar pouco tempo depois - quanto à mim depois dessa desisti de esporte. Mas como nosso colégio era tetra campeão, tinha de participar de todas as categorias, mesmo com times tipo o nosso, completamente fora de qualquer catigoria hahahahaha! O Batista era o melhor do JEMS e por isso fui estudar lá, saindo do Pituchinha, meu pai não queria, porque além de ser longe, era colégio de crente e ele era super Católico, Apostólico Romano - e já tinha tido aquela história da primeira comunhão - que acredito que ele nem soube, senão aí mesmo é que não concordaria. Tinha uma família protestante que morava perto da minha casa, numa escadaria e lembro que um dia eu pedi ao seu Durval, pai de Serjola, meu amigo, para me levar para um culto, que eles iam nos domingos na igreja Batista, fui escondido do meu pai e, para a minha surpresa adorei, acho que é porque depois do culto, tinha umas turminhas que discutiam e explicavam, o que o pastor disse, interpretando as palavras da Bíblia; só sei que comecei a freqüentar e que quando vi um batismo, vibrei; era como uma peça de teatro, o palco se abria e uma piscina aparecia e as pessoa que estavam se batizando, no dia que assisti, eram todos adultos, eram banhados, como Jesus Cristo, por São João Batista; achei tudo aquilo magnífico e teatral. Pedi uma Bíblia para o meu pai, que se assustou, porque eu não gostava nem de entrar na igreja católica e assistir aquelas missas, onde não entendia nada e a pior ainda tava por vir, queria eu também ser batizada, naquele palco lindo e iluminado, com os espectadores todos bebendo o sangue de cristo e comendo o pão da vida, num espetáculo divino e suntuoso; mas fui eu mesma que acabei desistindo de participar dessa história – não sei porque, mudei de idéia, era bem outra novidade que, já me chamava. Eu queria ir, para o colégio Batista mesmo, era porque, ele era todo ano campeão olímpico e dava o maior ibope - lembro, do pentacampeonato, já era quase meia noite, quando acabou o jogo de basquete juvenil masculino, num time só de feras: Charles, Dudu, Quirino, Antonio José, Betinho, Paulo D”ávila, Popó entre outros, que não lembro agora. Fomos andando do centro, onde era o ginásio até o João Paulo, onde era o colégio, longe pra caramba. estávamos muito alegres de ter conseguido o titulo. E em total harmonia, bravamente; fomos entoando bem alto, com brio o hino da escola, desfilando pelas ruas orgulhosos com o troféu nas mãos, madrugada afora; até o diretor de disciplina, o temido, prof. Emilio e o prof. Figueiredo diretor geral do colégio, acompanhava o cortejo. Foi liberado refrigerantes e cachorros-quente para todos. o maior carnaval fora de época, jamais visto...“caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais braços dados ou não, nas escolas, nas ruas, campos, construção... Bem vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer...”

Nenhum comentário:

Postar um comentário